Indicações de Livros Nacionais.
 
 

Publicado em 1980, este é o terceiro livro de contos da autora. Ele apresenta treze narrativas curtas, mas que dão ao leitor a oportunidade de conhecer o trabalho de uma mestra da linguagem.
Com abordagens irônicas e bem humoradas, Nélida prende a atenção daqueles que admiram construções complexas e inteligentes, com um modo de escrita própria. Seus textos exigem atenção para uma apurada e correta interpretação - se é que isso existe aos olhos do mundo.

Em I Love My Husband, asufocante história de uma vida condicionada há antigos conceitos que, infelizmente, ainda hoje, são imperativos em alguns lares.
"Só envelhece quem vive, disse o pai no dia do meu casamento. E porque viverás a vida do teu marido, nós te garantimos, através deste ato, que serás jovem para sempre."
Meu Deus! Que a leitura seja a luz da liberdade.

O Ilustre Menezes segue a pegada abordando a vida de um típico casal século XIX: enquanto o homem trabalha, sustenta seu lar e família, desculpas e perdões lhe serão sempre fartos. Á esposa o pudor, submissão e respeito incondicional ao casamento. É a figura alegórica da liberdade e da prisão.

No mais o leitor irá encontrar riqueza, conflitos e temores de um poder frágil e fútil em algumas linhas. Em outras, o sabor de um sorvete, remete-nos a pensamentos e ações que são apreciáveis em qualquer estação. Assim o é O calor das coisas.



Além de um bom romance a autora nos faz alguns alertas: não se deixe levar pelas aparências, pois, podem estar te enganando com roupas caras e um bom vocabulário; não abra a porta de sua casa a qualquer pessoa, ela pode estar colhendo informações sobre você e sua família.

Posto isso, Graça Coutinho consegue prender a atenção do autor com uma história muito bem elaborada, em que nos faz refletir se algo semelhante não acontece próximo a nós. A manicure Deusa, de origem cigana, juntamente, com seu amigo jornalista Ismael Fernandes e o detetive Lambreta, conseguem desarticular uma rede de tráfico de gente, órgãos e cabelos, encoberta por uma seita religiosa que reúne pessoas de várias classes, algumas, parecem o que não são!
Através de seus conhecimentos ciganos, Deusa consegue determinar a personalidade de seus clientes através da “leitura” de suas unhas; Ismael Fernandes, jornalista investigativo tem em sua intuição o ponto de partida para desenrolar um enredo macabro, com conexões na Europa, EUA e no Brasil; o detetive José Gonzaga Lambreta, experiente e astuto é parte importante no trabalho de descoberta dos crimes hediondos cometidos pela organização criminosa.

Mesmo para uma pessoa muito ocupada, a leitura de As Cutículas do Poder, provavelmente, não passará de dois dias, dado ao interesse em conhecer logo o final da trama de acontecimentos que a leitura irá lhe despertar!

 

Na Cronologia de Ariano Suassuna (1927-2014) apresentada nesta obra, contam-nos que “de 07 a 30 de março de 1966”, Ariano “escreveu o romance O Sedutor do Sertão”, inicialmente pensado como roteiro de cinema. Então, fica aqui o registro da comprovada inquietude, criatividade e capacidade de trabalho do autor que, em apenas três semanas, consegue elaborar e finalizar sua obra.

Declaradamente um cervantino, Suassuna escreve uma história quixotesca tendo como pano de fundo a efervescente e perigosa prática política do Brasil de 1930. Época de poderosos “coronéis” nordestinos, tais como: João Pessoa, então governador da Paraíba, e José Pereira, grande latifundiário que em desavença com o mandante do Estado, declara a independência de sua cidade Princesa, iniciando assim, um período de grande conflito na região.

Posto isso, temos a figura de nosso anti-herói Malaquias Pavão e seu fiel companheiro Miguel Biôco, viajando pelas áreas em conflito, com bandeiras e cores de ambos os lados, de forma que possam ludibriar a policia e os cangaceiros quando ameaçados e acharcados.

De caráter duvidoso e sagaz, Pavão é um caixeiro viajante de boa pose e grande lábia (nos dias de hoje seria chamado de 71). Ambiciona a mulher de seu sócio Sinfrônio Perigo; galanteador vende ilusão; astuto, foge do enfrentamento usando sua inteligência e criatividade para driblar o perigo. É daqueles que vende gelo para esquimó. O que lhe tira dos trilhos e o leva a fazer um mau negócio? Só sua paixão por Silviana.

Leve e hilária essa leitura é um placebo diante do que necessitamos para o enfrentamento dos momentos de polarização política e intolerância, no entanto, vale muito o tempo empregado e o aprendizado que evidencia que, infelizmente, nada ou pouco mudou na vida política de nosso país!

 


Sobre o autor
Diplomado em mercado de capitais pela Universidade de Nova Iorque, trabalhou durante 37 anos nos mercados financeiros brasileiro e americano, como corretor das bolsas do Rio, Nova Iorque e Chicago. Piloto amador, sempre foi fascinado por aviões e decidiu dedicar três anos de sua vida para pesquisar tudo o que aconteceu nos voos sequestrados por terroristas, quando ocorreram os ataques de 11 de setembro de 2001, o que deu origem ao livro Plano de Ataque. Também é autor de livros como Rapina, Caixa-Preta (sobre grandes acidentes aéreos ocorridos no Brasil) e 1929 sobre o grande crash da Bolsa de Valores de Nova York. Trabalhou como roteirista da TV Globo, escrevendo episódios dos programas "Carga Pesada" e "Linha Direta".

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ivan_Sant%27anna, consultado em 27.05.2024



Sobre o livro
Por ocasião de uma recente recomendação, fui à releitura do livro Os Mercadores da Noite. Uma história ficcional, mas entremeada de fatos históricos e ações possíveis de acontecerem no cotidiano dos mercados globais. Ao final o leitor vai chegar à conclusão que o mundo dos negócios não é para amadores, mas por outro lado, também estará fascinado pela saga de Julius Clarence, que pode ou não ser o italiano Servulo Anicetto, o canadense Peter Miller ou o neozelandês Jack Palmer, só a leitura permitirá a descoberta.

Informação e desinformação fazem parte do jogo voraz, sujo, cultivado e regado com um grand cru ou uma champagne goûts de diamant. Não importa o preço, entre um gole e outro, sai um nome, uma frase, uma pista, que paga a conta!  Mas Julius e seu oponente Clive Maugh, do Banco Centro-Europeu, têm e querem mais. Cada um com seus planos tentando se anteciparem aos fatos e movimentos dos mercados. Estratégias nem sempre usuais, nem mesmo legais. Para alguns mercadores da noite, nem todos, o que importa é o lucro, a vitória e a destruição de seus oponentes. Seja no mercado de ouro, petróleo, prata, soja, milho, açúcar ou de obrigações da Eurotunnel. Pode acontecer na Bolsa de Londres, Nova York, Pequim, Tóquio, tanto faz, os mercadores são livres para entrarem e saírem sem a apresentação de passaportes, basta apenas um clique.

Com janelas que permitem ao leitor conhecer um pouco das grandes bolhas especulativas e crises mundiais; dos acontecimentos políticos e diplomáticos que ditaram os rumos da economia mundial e sacudiram as bolsas no mundo, nos últimos sessenta anos; à atuação de líderes que marcaram a história da Humanidade, Ivan Sant’Anna leva o leitor a um pregão de conhecimento de História e Finanças, onde todos serão compradores (bulls ou touros) e não vendedores (bears ou ursos).

Carrego em meu exemplar uma declaração do autor: “Tomara que você goste deste que é meu melhor trabalho”. Não cabe ao resenhista discordar, mas apenas afirmar: de fato, trata-se de um romance espetacular!

P.S. – Ressalto que o livro não foi me dado pelo autor e sim por um amigo.





Sobre o autor

Economista, professor e analista do mercado de capitais, Carlos foi Presidente da Associação Brasileira dos Analistas do Mercado de Capitais – ABAMEC SUL (hoje APIMEC SUL), de 1984 a 1986. Com mais de 35 anos de experiência, Brum também foi membro da Comissão de Mercado de Capitais da Associação Brasileira das Companhias Abertas (COMEC/ABRASCA). Aprenda a investir em ações e a operar na bolsa via internet (2007) também é de sua autoria.

Sobre o livro
“A crise do dia 9 de junho de 1989, inusitada por ter sido provocada por um único especulador,...”. Assim Brum apresenta sua obra. O megainvestidor de que fala é ninguém menos do que Naji Robert Nahas, o libanês. Protagonista do escândalo que ficou conhecido como “Caso Nahas” e mudou a história das Bolsas de Valores do Brasil, provocando uma verdadeira revolução no mercado, alterações na legislação e na atuação da Comissão de Valores Mobiliários – CVM, autarquia criada para ser a xerife do mercado, mas que foi atropelada pelos fatos!

Em um tempo que no Brasil trabalhávamos com inflação estratosférica; frequentes lançamentos de Planos Econômicos; mudanças de moeda; enorme volatilidade; e um Banco Central permissivo, presidido por Elmo de Araújo Camões, sócio de uma Distribuidora de Valores chamada Capitânea, com 99,98% do capital social da empresa. Realmente, parece brincadeira, mas era uma bagunça!

Em resumo: Nahas brigou com o Presidente da Bolsa de Valores de São Paulo, Eduardo Rocha Azevedo e transferiu suas operações para a Bolsa do Rio de Janeiro. Esta, com a pretensão de aumentar o volume de negócios na Praça do Rio e alavancar o faturamento de seus sócios controladores que formavam o Conselho de Administração, abriu as portas de seu pregão dando um forte abraço em Nahas. No fim, morreram afogados!

O caso atingiu a todos que trabalhavam no mercado. Eu, operador de bolsa da Fundação Petrobras de Seguridade Social – PETROS fui deslocado para a área de análise de investimentos. O mundo mudava para mim, como também para muita gente que não teve a chance de continuar empregado e foi mandado embora.

Em 2000, a Bolsa de Valores do Rio de Janeiro – BVRJ fechou suas portas, esvaziando a Praça XV, o comércio e a rica gastronomia existente na área. Talvez um dia a História conte que, entre tantas decisões erradas tomadas pelas administrações públicas, o Caso Nahas, talvez tenha sido a maior contribuição da iniciativa privada para a penosa situação que se encontra o Centro do Rio de Janeiro.

 

Sobre o autor
Tratamos aqui da autobiografia do engenheiro civil, executivo e empresário do mercado financeiro que foi o primeiro estrangeiro a ser presidente de uma instituição norte-americana, o tradicional Banco de Boston. Presidente do Banco Central durante os dois primeiros mandatos de Lula (2003 a 2011); Ministro da Fazenda no Governo Michel Temer (2016 a 2018).

Sobre o livro
O autor conta com empolgação sua história de vida e ascensão profissional. Natural de Anápolis (GO), estado pelo qual foi eleito deputado federal pelo PSDB (2002), partido que à época polarizava com o PT. Para surpresa de muitos, aceitou o convite do Presidente Lula que havia vencido a eleição presidencial daquele ano, concorrendo justamente contra um o candidato do PSDB, José Serra.

Sua passagem pelo Banco Central foi exitosa. Com mão de ferro e pragmatismo conduziu a política monetária, colaborando significativamente para um período de crescimento econômico, com geração de emprego e controle inflacionário. Na única vez que o Presidente Lula solicitou algo em relação à taxa de juros, soube enfrentar a situação com coragem. Meirelles não estava ocupando um cargo por sobrevivência política ou financeira, mas servindo ao país de forma digna e honrada.

Fora da política por algum tempo, Henrique conta como trabalhou como consultor para várias empresas. Ele esteve diretamente ligado à construção do Banco Original, um banco totalmente digital do Grupo J&F, dos famosos Wesley e Joesley Batista. 

Em 2016 Meirelles aceita o convite do então presidente Michel Temer para assumir o ministério da Fazenda. Não pega moleza, muito pelo contrário, enormes dificuldades teriam que ser superadas e, contando com uma equipe de primeira, toma medidas para recuperar as contas públicas que marcam a retomada da economia. Competência e capacidade de trabalho geram credibilidade, e isso é o melhor que Henrique Meirelles tem para entregar, e o faz com a implantação do Teto de Gastos do Governo Federal.

Na eleição presidencial de 2018, Henrique Meirelles candidatou-se ao cargo máximo do país. Não foi bem! Sua campanha foi um fracasso. Fui seu eleitor no primeiro turno e continuo achando que perdemos uma grande oportunidade de mudar a trajetória de nosso país de uma forma geral, e não só econômica e financeiramente. Leiam Calma sob pressão e tirem suas conclusões. 

 

Uma história de companheirismo e cumplicidade entremeada por momentos de arrependimentos, frustrações e separações, mas, acima de tudo, uma leitura empolgante e reveladora do que é o empreendedorismo na sua forma mais ampla: das análises de investimentos e relacionamentos que nem sempre correspondem às expectativas iniciais aos grandes voos e quedas traumáticas. No topo e na lona com reviravoltas surpreendentes. Talvez o leitor fique feliz ao saber que os grandes também erram, e bastante!

Mas, em épocas distintas, os acertos dos visionários Luiz Cesar Fernandez e André Esteves, do Banco BTG Pactual, fizeram a diferença. Obviamente, a participação de muitos outros sócios, alguns inclusive famosos e conhecidos do público em geral, colaborou significativamente para o sucesso e para que a instituição se mantivesse em momentos cruciais, como em que o Cesar quebrou ou André esteve preso (sem qualquer intenção de querer fazer trocadilho).

Leitura recomendável para quem quer vencer e para os que querem voltar para o jogo. Tudo é possível!